Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.




CUPCAKE.
GRAPHICS & CODE RESOURCE

Oh, but Robert's got a quick hand!

+30
Sookie
Sapphire
Kyle Gauther
Sorrow
Lyne
Salt
Hopes & Fears
B*tch
Nightmare'
Elder
Laysllaa
Yan Batista
Cherry Cupcake
-T
Aninha
M. Almeida
Lêe
Katherine Holodniak
Chris Mendez
Nickolay
Wicca Diammond
~Math
Breeh
Bitch , I'm a Unicorn
Jey
Secret
Sky M. Riddle
Lares
Queen of the Lab
Carol
34 participantes

Página 3 de 3 Anterior  1, 2, 3

Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Carol Sex Jan 25, 2013 3:42 am

Relembrando a primeira mensagem :

SOBRE O TEMPLATE
> Olhem bem, é um template decente, eu não usei ele em lugar nenhum, mas eu tenho ciúme dele porque pra mim ele ficou lindo.
> Garanto que se eu achar ele por aí sem os créditos eu não perdoo de jeito nenhum quem estiver usando ele!
> Adoraria que avisassem caso alguém o usasse, faria meu pobre coraçãozinho tão mas tão mas tão mas tão feliz.
> Bom proveito!







Robert's got a quick hand

He'll look around the room, he won't tell you his plan. He's got a rolled cigarette Hanging out his mouth he's a cowboy kid. Yeah he found a six shooter gun. In his dad's closet hidden in a box of fun things And I don't even know what. But he's coming for you - q



Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban - filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja.

E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu "dói tanto", contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou "porquê?", compreendi ainda mais. Falei: "Porque é daí que nascem as canções". E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?

— Caio Fernando Abreu.

valeu @ cács!



Código:
<center><link href='http://fonts.googleapis.com/css?family=Wire+One' rel='stylesheet' type='text/css'>

<div style="width: 510px; height: 1060px; background-color: #FFF; border-left: 15px solid #000; border-right: 15px solid #1C1C1C;"><br><br><div style="width: 490px; height: 220px; border: 1px solid #CCCCCC; background-image: url(http://24.media.tumblr.com/e2bc568194fe53a6d37c3f8872a39e41/tumblr_mh01dtdPXr1rln901o1_500.gif);"></div>
<div style="width: 380px; font-family: wire one; font-size: 35px; letter-spacing: 2px; color: #000; text-transform: uppercase; border-left: 8px solid #000; border-right: 8px solid #000">Robert's got a quick hand</div>
<div style="width: 400px; font-family: courier new; font-size: 8px; letter-spacing: 1px; color: #121212; text-align: justify; text-transform: uppercase;">He'll look around the room, he won't tell you his plan. He's got a rolled cigarette Hanging out his mouth he's a cowboy kid. Yeah he found a six shooter gun. In his dad's closet hidden in a box of fun things And I don't even know what. But he's coming for you - q</div>

<table cellpadding="0" cellspacing="5" valing="top" align="center" style="505px; height: auto; background-color: none; color: none;"><tr width="100%;"><td style="width: 490px; height: 10px; background-color: #1c1c1c;"></td> </tr>
</table>
<div style="width: 490px; height: 500px; text-align: justify; padding: 5px; font-family: calibri; font-size: 12px; color: #000; background-color: none; overflow: auto;">Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban - filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja.

E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu "dói tanto", contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou "porquê?", compreendi ainda mais. Falei: "Porque é daí que nascem as canções". E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?

[b]— Caio Fernando Abreu.[/b]</div><table cellpadding="0" cellspacing="5" valing="top" align="center" style="505px; height: auto; background-color: none; color: none;"><tr width="100%;"><td style="width: 490px; height: 10px; background-color: #1c1c1c;"></td> </tr>
</table>[right][size=9]valeu [url=http://cupcakegraphics.forumeiros.com/]@[/url] cács![/size][/right]</div>
</center>
Carol
Carol
Admin
Admin

Mensagens : 194
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Idade : 25
Data de inscrição : 04/08/2012

Ir para o topo Ir para baixo


Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Sapphire Seg Mar 30, 2015 7:36 pm

Ele é perfeito demais, Carol. 
Usarei no Thalia's Tree http://www.thaliastree.com/.
Como Sawyer.
Sapphire
Sapphire
Users
Users

Mensagens : 139
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 27/03/2014

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Sookie Ter Abr 21, 2015 4:49 pm

Usarei no DIV RPG com Ma-ma Madrigal

Sookie
Users
Users

Mensagens : 33
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 11/04/2014

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Bryanzito Seg Jul 04, 2016 12:29 am

Usando (:

Bryanzito
Users
Users

Mensagens : 27
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 17/03/2016

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por J Andrew Seg Jul 04, 2016 3:57 am

Muito bom, usarei no Naruto Survival apenas alterando a gif

Obrigado !

J Andrew
Users
Users

Mensagens : 12
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 03/07/2016

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Hitomi Qua Jul 06, 2016 3:44 pm

Este é bom e.e

Hitomi
Users
Users

Mensagens : 7
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 06/07/2016

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Para Fóruns e Afins Ter Nov 06, 2018 3:33 am

Usando no The Seven Wonders

Para Fóruns e Afins
Users
Users

Mensagens : 10
Reputação :
Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Left_bar_bleue100 / 100100 / 100Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Right_bar_bleue

Data de inscrição : 04/11/2018

Ir para o topo Ir para baixo

Oh, but Robert's got a quick hand! - Página 3 Empty Re: Oh, but Robert's got a quick hand!

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 3 de 3 Anterior  1, 2, 3

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos